Uma Equipe internacional liderada pelo Prof. Dr. Paulo Brito, do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (UERJ), confirmou a presença de pulmão em celacantos atuais. O trabalho foi publicado essa semana na prestigiada revista Nature Communications do importante grupo Nature. Os celacantos são um grupo de peixes sarcopterígeos considerado por muito tempo extinto, até que em 1938 foi coletado o primeiro espécime do representante atual Latimeria chalumnae na costa da África do Sul. Os resultados dessa pesquisa são de grande importância porque, apesar desse órgão não ser funcional nos celacantos atuais, ele aponta pistas de como esse pulmão era ativo e de como os seus parentes fósseis devem ter vivido entre cerca de 410 e 70 milhões de anos, momento em que a maioria dos representantes desse grupo - e de outros grupos como os dinossauros não aviários - desapareceram. Drª. Camila Cupello utilizou, durante o seu doutorado sanduíche no Muséum national d’Histoire naturelle de Paris, diferentes técnicas nessa pesquisa que incluíram o uso de tomografias computadorizadas e realizadas por Luz Síncrotron, dissecções e histologia, dando prosseguimento ao projeto no seu pós-doutorado iniciado no ano de 2015 (junto ao Programa de Pós-graduação e Biociências, UERJ) . Esses estudos permitiram a produção de reconstruções tridimensionais de cinco estágios ontogenéticos do pulmão de Latimeria chalumnae. Uma das conclusões confirmou que apesar dessa espécie possuir um pulmão potencialmente funcional em embriões dos primeiros estágios de vida, o crescimento desse órgão é consideravelmente reduzido a partir dos juvenis que, como nos adultos, apresentam características vestigiais. Foram encontradas também pequenas placas flexíveis no entorno do pulmão vestigial de indivíduos adultos que confirmam sua homologia com as placas ósseas que protegem o grande pulmão calcificado dos celacantos fósseis. Enquanto a espécie atual respira unicamente através de brânquias e apresenta um pulmão vestigial e não funcional (adaptação as águas profundas onde vive), as formas fósseis do grupo tinham respiração tanto pulmonar quanto branquial, demonstrando um passo evolutivo que em outros grupos permitiu a conquista do ambiente terrestre.

 

 
 
 
 
 
 
 
Parte da equipe internacional durante aquisições de tomografia computadorizada na Plataforma AST-RX do Muséum national d’Histoire naturelle, Paris, France.
 
 
Crédito: Arquivo pessoal de Camila Cupello / Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, France.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
Dra. Camila Cupello durante a dissecção do pulmão de um espécime adulto de celacantos atuais, depositado na Coleção de Anatomia Comparada do Muséum national d’Histoire naturelle, Paris, France.
 
Crédito: Arquivo pessoal de Camila Cupello / Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, France.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Paulo Brito e um fóssil gigante do celacanto Mawsonia
 
 
Crédito: Arquivo pessoal de Didier Dutheil / Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, France