Vilma Homero
 
Novo equipamento permitirá ampliar o número de transplantes   O serviço de Hematologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),  a partir do mês de julho, amplia o atendimento a pacientes que necessitam de transplante de medula óssea. Isso porque passou a contar com um recém-adquirido equipamento, capaz de coletar células-tronco hematopoiéticas, ou seja, aquelas que dão origem às demais células do sangue. A aquisição foi realizada com financiamento da FAPERJ, por meio de um Auxílio à Pesquisa, sob a coordenação do pesquisador Luís Cristóvão Pôrto, do Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação (HLA) daquela universidade, professor titular do Departamento de Histologia e Embriologia do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag) e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, que incluiu também a montagem da sala de coleta de células-tronco hematopoiéticas e a criação do laboratório de criopreservação dessas células, na Policlínica Piquet Carneiro.
 
   "Já realizamos transplantes autólogos de células-tronco no Hospital Pedro Ernesto desde 2004. Mas até agora a coleta e o armazenamento dessas células era feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), com quem temos convênio. Com a aquisição do equipamento, vamos poder liberar as máquinas do Inca, tornar nosso serviço mais independente e ainda desenvolver no hospital projetos de terapia celular que dependam igualmente da coleta dessas células", fala a coordenadora da Unidade de Transplante de Medula Óssea, Cristiana Solza.
 
   O transplante de medula tem várias indicações: para os casos de mielomas múltiplos, linfomas de Hodgkin e não Hodgkin e tumores germinativos, o tratamento é por meio de transplante autólogo, isto é, feito com as células-tronco do próprio paciente. Nos casos de leucemias agudas, mielóides e linfoblásticas, nas síndromes mielodisplásicas, nas talassemias, nas anemias aplásticas ou falciformes, entre diversos outros, indica-se o transplante alogênico, ou seja, aquele que é feito com células hematopoiéticas de um irmão ou de um doador não aparentado, encontrado nos bancos de medula óssea e sangue de cordão umbilical. No Brasil, apenas 50% dos pacientes que necessitam dessa modalidade de tratamento chegam a ser transplantados devido à falta de leitos, de equipes capacitadas e dos equipamentos necessários.
 
Segundo Cristiana Solza, o equipamento funciona com fluxo contínuo, o que possibilita coleta mais rápida   Além de realizar a coleta, durante o processo, o recém-adquirido equipamento faz a separação dos elementos do sangue (células vermelhas, células brancas, plaquetas e plasma). Ele trabalha em esquema de fluxo contínuo – seja para fazer coleta e separação das células-tronco, seja para fazer a infusão dos componentes do sangue (células vermelhas, plaquetas e plasma), que são devolvidos ao paciente. Com isso, o rendimento é maior e a velocidade do procedimento também. "A nova máquina trabalha num ritmo quatro vezes maior do que equipamentos similares, que costumam funcionar em sistema intermitente. Ou seja, coletam, param para separar os elementos do material coletado e só então prosseguem com o procedimento. No esquema de fluxo contínuo, minimizamos o risco para o paciente e os custos, já que, a cada dia de coleta, é preciso usar um kit novo, que sai a um custo de 300 dólares, cada. Pela técnica com fluxo contínuo, em geral, o número de dias de coleta é inferior ao dos equipamentos de fluxo intermitente", diz a hematologista.
 
   "Com isso, o novo equipamento permitirá ampliarmos o número de atendimentos", diz a enfermeira Vera Diniz, responsável pela operação da máquina. Hoje, o Hupe, com dois leitos, faz dois transplantes autólogos por mês. No caso da coleta de células-tronco, o procedimento é realizado uma vez por semana. "Isso acontece porque precisamos controlar uma logística que inclui vários setores e laboratórios, e até pouco tempo atrás, também abrangia os laboratórios do hospital com os quais temos convênio. Agora, em vez de sobrecarregar o Inca, por exemplo, poderemos nos oferecer para realizar coleta em pacientes deles", diz Cristiana.
 
Fonte: FAPERJ