Rosilene Ricardo
Fonte: FAPERJ
 
No laboratório da escola, estudante aprende física por meio     de experimento que simula o looping das montanhas russas No laboratório da escola, estudante aprende física por meio de experimento que simula o looping das montanhas russas    Um projeto desenvolvido no Departamento de Ensino de Ciências e Biologia do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (Ibrag), na Uerj, vem proporcionando aos jovens do interior fluminense a oportunidade de aprofundar os conhecimentos básicos de ciência, que podem se transformar numa importante ferramenta para a integração e o desenvolvimento social. Voltado para a difusão científica, o projeto, intitulado Passo-a-passo da Ciência na Escola, tem como objetivo instalar laboratórios – também chamados de ‘salas de ciência’ – em colégios da rede pública do estado. "Procuramos escolas que não tinham laboratórios de ciência disponíveis para os alunos a fim de oferecer aos jovens a oportunidade de um contato mais estreito com a ciência e seus principais fundamentos", diz a coordenadora do projeto, Cibele Schwanke. 
 
   Depois de uma pré-seleção realizada com a ajuda de colegas docentes, o grupo responsável pela pesquisa escolheu duas escolas para a primeira fase do projeto, que poderá ser estendido a outros estabelecimentos de ensino no futuro. As instituições selecionadas foram a Escola Municipal Nova Perequê, em Angra dos Reis, e o Colégio Estadual Professor Alfredo Balthazar da Silveira, em Magé. 
 
  Contemplado pela FAPERJ por meio do edital Apoio ao Ensino de Ciências e Matemática nas Escolas Públicas, o projeto tem como objetivo suprir a carência de recursos e equipamentos dessas instituições de ensino e cooperar para o êxito do processo ensino/aprendizagem em ciências. A escolha dos colégios levou em conta as dificuldades de aprendizagem dos alunos. "A escola de Angra tem o segundo pior índice de aproveitamento de alunos do Rio de Janeiro, com grande defasagem educacional", diz Cibele. "Com essa iniciativa, queremos reverter esse quadro, colaborar para que os alunos tenham uma melhor compreensão do mundo natural e das implicações da ciência no mundo moderno", completa a bióloga. O projeto é uma parceria com o Núcleo de Ensino e Pesquisa em Ciências, Biologia e Ambiente a Distância (Nebad/DECB).
 
   As atividades, baseadas no conteúdo programático específico de cada série, serão discutidas com os professores das escolas. Embora voltado para as atividades do Ensino Fundamental, o projeto prevê ainda oficinas também para o Ensino Médio, de acordo com o conteúdo abordado pelo professor em sala de aula. Outro objetivo do projeto é promover a formação ampliada dos docentes das escolas, que, muitas vezes, deixam de realizar atividades fora da sala de aula por não disporem de um local reservado, impedindo o uso de metodologias diversificadas e a abordagem de temáticas científicas. 
Após a realização das obras necessárias à instalação dos laboratórios, as salas foram equipadas com kits educativos de fácil acesso e baixo custo. A idéia foi inspirada em projetos de pesquisa e de extensão desenvolvidos pela equipe de docentes que integra o projeto, que desde 1992 oferece aos professores de ciências e aos alunos a oportunidade de realizar experimentos com material seguro, de fácil manuseio e reposição – como pregadores, réguas e algodão. O material é acompanhado por roteiros periodicamente atualizados, que permitem a visualização dos principais temas de ciências. "O kit não é uma aula pronta e sim a possibilidade do professor adequar o que está sendo desenvolvido em sala para o laboratório, e de oferecer ao aluno a oportunidade de visualizar o que está sendo explicado", diz Cibele.
 
   Segundo a pesquisadora, a utilização dos kits oferecidos pelas ‘salas de ciência’ contribuirá para a alfabetização científica dos alunos. Para Cibele, o projeto permitirá levar aos alunos conhecimentos de caráter científico sobre eventos que acontecem no dia a dia, e a responder perguntas como por que deixar água parada pode trazer a dengue e por que a água evapora ao ferver. "É um aprendizado importante que traz para os alunos saberes do cotidiano", explica.
 
   As oficinas no laboratório são divididas em dois módulos: ‘Ciência no dia a dia’, que apresenta temas básicos da ciência relacionados com as matérias de biologia, química e física; e ‘Geociências’, destinado a apresentar as ciências naturais aos alunos com a ajuda de fósseis, rochas minerais e a discussão de temas como a preservação de patrimônios culturais e compreensão do tempo geológico e da evolução dos organismos. A finalidade é capacitar os professores para que, no futuro, eles possam comandar sozinhos a sala de aula, incluindo na rotina didática atividades práticas de ciências. "Não adianta montar uma sala de ciências e não capacitar os professores para utilizá-la.", diz Cibele. O projeto conta com a ajuda de dois professores vinculados às escolas que recebem uma bolsa de Treinamento e Capacitação Técnica (TCT) da FAPERJ durante o período de desenvolvimento do projeto. Além de montarem as salas, eles ajudam a outra parte da equipe a criar ciclos de palestras, minicursos e feiras de ciências para a capacitação dos docentes.
 
   Segundo o professor Luiz Fernando Porto, responsável pela montagem do laboratório em Angra, a criação da sala contribuiu para aumentar o interesse dos alunos pelo aprendizado. "No primeiro dia em que levei uma turma para fazermos experimentos com espelhos e o modelo do globo ocular, as demais turmas, ao tomarem conhecimento, logo quiseram saber quando seria a vez delas", entusiasma-se o professor.
 
   Cibele aposta que o apoio da Fundação aos projetos de popularização da ciência nas escolas públicas irá render bons frutos para a educação básica. "O apoio da FAPERJ foi fundamental em todo esse processo. Não conheço outras agências de fomento à pesquisa que investem diretamente na melhoria de ensino em escolas públicas. O mais interessante é que esse tipo de pesquisa não tem um custo alto, mas beneficia um número muito grande de pessoas", conclui.número muito grande de pessoas", conclui.