No mês em que se comemora o dia da árvore (21 de setembro), professores da UERJ publicam a existência de mais uma espécie para a Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro.
Simira walteri Silva Neto & Callado é uma árvore que atinge 25 m de altura, pertencente à família Rubiaceae. Dentre as muitas espécies de interesse econômico e ornamental desta família, destacam-se, como as mais conhecidas, o café e o jenipapo.

   Simira é um gênero de plantas arbóreas, ricas em alcalóides e que vêm despertando o interesse devido, principalmente, às atividades fototóxicas apresentadas por alguns de seus constituintes químicos e pelas informações etnomédicas sobre o tratamento de manchas na cavidade oral.

As espécies de Simira são facilmente reconhecidas por apresentar madeiras que adquirem coloração vermelha imediatamente após o corte e por seus frutos simples e secos, que se abrem longitudinalmente para liberar as sementes em forma de meia-lua, que são dispersas pelo vento.

   Simira walteri foi descoberta na Reserva Biológica do Tinguá, município de Nova Iguaçu, a cerca de 60 km da cidade do Rio de Janeiro. Indivíduos da espécie foram encontrados em trechos bem preservados de Mata Atlântica na Reserva. A descoberta foi feita pelo pesquisador Sebastião José da Silva Neto, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e contratado como professor do Departamento de Biologia Vegetal (DBV/IBRAG) na ocasião da descoberta; pela professora Cátia Henriques Callado, professora adjunta (DBV/IBRAG), atualmente coordenadora científica do Centro de Estudos e Desenvolvimento Sustentável (CEADS) e pelo auxiliar de campo Walter da Silva.
 
   Em função da valiosa contribuição dos auxiliares de campo no apoio às pesquisas científicas, os autores, por meio do nome que deram a essa planta, prestaram uma homenagem ao Sr. Walter da Silva, auxiliar de campo que mora em Tinguá e que tem contribuído significativamente para o êxito das pesquisas desenvolvidas na Reserva Biológica do Tinguá, Reserva Biológica de Poço das Antas, no Parque Nacional do Itatiaia e no Parque Estadual da Ilha Grande, onde acompanha estudantes, professores e pesquisadores da UERJ, JBRJ, UFRRJ, UENF, entre outras instituições.

   Embora Simira walteri tenha sido descrita recentemente, já faz parte da lista de espécies vulneráveis à extinção, segundo os critérios da International Union for Conservation of Nature (IUCN). Isso porque, indivíduos da espécie, até o momento, só foram encontrados na Reserva Biológica do Tinguá, o que a caracteriza como endêmica dessa região. Estudos em outras áreas de Mata Atlântica têm sido realizados visando localizar espécimes de S. walteri, mas, até o momento, sem sucesso. Apesar de estar localizada dentro de uma unidade de conservação federal, há grande preocupação no sentido de garantir a preservação da espécie, considerando que a Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados pela intensa pressão antrópica.

   Mais informações sobre Simira walteri podem ser obtidas no artigo publicado no periódico Novon, do Missouri Botanical Garden, USA {Novon 18 (3): 387-389, 2008}.

   A descoberta dessa nova espécie vegetal reforça a necessidade de preservação de áreas naturais e ainda pouco conhecidas, assim como, de intensificar a realização de inventários sobre a biodiversidade brasileira. Esse resultado aponta para o perigo de que muitas espécies endêmicas possam ser extintas, antes mesmo de serem catalogadas e de se tornarem conhecidas quanto às suas propriedades ecológicas, econômicas ou medicinais. O fato assume maior relevância, principalmente nas áreas de grande concentração urbana, como o Estado do Rio de Janeiro, onde as áreas de florestas são progressivamente desmatadas.