Professor Luis Cristóvão (DHE – HLA – IBRAG)O Professor Titular Luis Cristóvão de Moraes Sobrino Porto do Departamento de Histologia e Embriologia (DHE) e Coordenador do Laboratório Histocompatibilidade (HLA) do IBRAG, participou no dia 30/05/08 de bate-papo online, mediado pela Globo videochat, tirando duvidas sobre o uso de células-tronco.
 
Moderador fala para a platéia: Luis Cristóvão, do Instituto de Biologia da UERJ, tira suas dúvidas sobre o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas.
 
Luis Cristóvão fala para a platéia: Boa noite.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Rogerio: Qual é a verdadeira importância desta decisão do STF que libera as pesquisas?
 
Luis Cristóvão responde para Rogerio: É uma decisão bastante intisgativa para a comunidade científica brasileira. E também importante para se conseguir tratamentos para algumas doenças degenerativas.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Ricardo: Você acha que a liberação das pesquisas coloca o Brasil na vanguarda desta área promissora da medicina?
 
Luis Cristóvão responde para Ricardo: Sem dúvida, dentro dos países que estão permitindo pesquisas nesta área. Isto vai estimular parcerias internacionais..
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Gabriela: Como será o feito o controle ético destas pesquisas? Quem garante que só os embriões que seriam descartados é que serão usados?
 
Luis Cristóvão responde para Gabriela: Toda as pesquisas já estão sendo cada vez mais rigorosas ao passarem por um Comitê de Ética. Agora há também um Comitê Nacional de Ética Médica. Além disso há outros comitês das universidades. A comunidade científica está muito respaldada sobre este procedimento. Infelizmente a gente acabou de noticiar que podem ocorrer manipulações de dados científicos. Isto (manipulações de dados) é extremamente rejeitado pela comunidade científicas e estas pessoas acabam sendo excluídas.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Branca: Professor, tenho um sobrinho de 27 anos que descobriu há 2 meses que está diabético, desde então insulinodependente. Não há casos na família. Gostaria de saber se as doenças com status de autoimunes podem ter benefícios pelas pesquisas com cel tronco
 
Luis Cristóvão responde para Branca: Com certeza sim. As células do sistema imunológico também tem origem em células-tronco embrionárias. Já se conhece bastante da biologia deste tipo de célula. Além disso, uma célula-tronco adulta, já tem características próprias definidas. É necessário que haja uma compatibilidade entre os organismos senão ela é rejeitada em outro. O que não acontece com as células embrionárias.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Bruna: O senhor acredita que em quanto tempo poderemos ver nas ruas tratamentos feitos com células-tronco?
 
Luis Cristóvão responde para Bruna: É uma pergunta difícil de responder. O conhecimento é cumulativo. Poderia-se estimar pelo menos mais uns 10 anos. Mas nada impede que algo extremamente inovador seja descoberto dentro deste tempo.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por julii: Quais são os contras da pesquisa com celulas-tronco que poderia levar a proibição do uso da mesma?
 
Luis Cristóvão responde para julii: Nós temos basicamente um conceito que foi amplamente discutido no STF que dá conta de quando se é um ser humano. Se é a partir da fertilização, do nascimento ou em outro momento da gestação. Estes pontos são interpretados de formas diferentes, mesmo dentro da academia.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Leonardo: a partir daquilo que já vem sendo estudado em outros países, o que já se obteve de resultados significativos com o uso das células tronco?
 
Luis Cristóvão responde para Leonardo: Hoje a gente já tem algumas informações significativas. Já se sabe quais são os fatores que estão envolvidos na diferenciação de um grupo de células ou tecidos. Além disso já se começa a conhecer os 'promotores' que regulam o funcionamento de determinados genes.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Bernardomeduerj: as universidades públicas já possuem capacidade técnica para avançar nessas pesquisas? em particular..a uerj.. onde o senhor é professor (e eu seu aluno..).. já ocorrem pesquisas nessa área?
 
Luis Cristóvão responde para Bernardomeduerj: Na UERJ estamos começando um grupo. Participamos do edital da FAPERJ que foi lançado há alguns anos. Tenho uma colega que está estudando células-tronco adultas. Mas no momento ainda não estamos trabalhando com células-tronco embrionárias e ainda somos um grupo pequeno. Mas no Brasil há grupos de pesquisa de células-tronco embrionárias que inclusive representaram muito bem a comunidade científica durante o julgamento no STF (Superior Tribunal Federal).
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Eduardo: Onde as pesquisas com células-tronco estão mostrando melhores resultados?
 
Luis Cristóvão responde para Eduardo: Com certeza um grande potencial está nas doenças degenerativas. São doenças que tem um fator genético importante. A gente poderia aprimorar o diagnóstico em um aspecto preventivo. Além disso nas doenças de base genética, seria muito promissor sonhar que se possa reparar um gene defeituoso.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Fernando: Depois desses anos parados, você acredita que é possível correr atrás de forma organizada?
 
Luis Cristóvão responde para Fernando: O processo do conhecimento é muito interativo. Os pesquisadores brasileiros jamais estiveram afastados da comunidade científica internacional. Os programas de mestrado e doutorado do país nos mantém em contato com eles. Temos acesso a toda informação nesta área.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Paiano: Olá, gostaria de saber como que andam as pesquisas de células tronco para pacientes com distrofia muscular. Se existem pacientes voluntários para tal pesquisa e como fazer para se tornar um voluntário para esta pesquisa.
 
Luis Cristóvão responde para Paiano: Já tem sido noticiado na imprensa internacional. Eu realmente desconheço aqui no Brasil quem estaria envolvido neste tipo de pesquisa.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Manuel: Temos profissionais suficientes para termos pesquisa de alta qualidade e gerar resultados práticos?
 
Luis Cristóvão responde para Manuel: Com certeza. Os brasileiros são reputados internacionalmente pela inventividade e inovação.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por tatatatata: Thais de SP - É verdade que as células-tronco adultas não tem o mesmo potencial das embrionárias?
 
Luis Cristóvão responde para tatatatata: Tudo nasce a partir da fecundação. A partir daí há um grupo de células que se transformam em três folhetos embrionários. Estes três folhetos irão se transformar nos tecidos. Então, sabemos que existem janelas, ou seja um tempo determinado para que as células mudem e se transformem em cada diferente tipo existente no corpo humano. Uma vez alcançada a diferenciação é muito raro que as células consigam voltar a ter uma característica mais geral. Uma célula-tronco adulta só dá origem a células do mesmo tipo. A célula-tronco embrionária tem a capacidade de formar todos os tecidos.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Ellen: Professor, ouvi dizer que durante todo esse processo de inconstitucionalidade, as pesquisas não foram interrompidas. Se isso é verdade, o senhor saberia apontar quais os institutos que mais se destacaram nas pesquisas?
 
Luis Cristóvão responde para Ellen: Não tenho acompanhado de perto esta questão de quais os institutos que mais se destacaram neste cenário. Mas todos os grupos brasileiros que estão trabalhando na área de genética estão acompanhando de perto esta discussão.
 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Edney: Li que em dezembro devemos ter a primeira linhagem de CTEH. O que isso significa na prática?
 
Luis Cristóvão responde para Edney: Célula-tronco embrionária humana. O que chamamos de linhagem é quando uma célula permanece com as mesmas características mesmo sendo trocada de meio. Toda vez que se conseguiu formar uma linhagem celular foi um grande avanço para as pesquisas.
 
Luis Cristóvão fala para a platéia: Então ter uma linhagem de células-tronco vai possibilitar sem dúvida nenhuma que estudos possam ser feitos sem que novos embriões tenham que ser destruídos.
 
Luis Cristóvão fala para a platéia: Boa noite.
 
Moderador fala para a platéia: O bate-papo sobre as pesquisas com células-tronco chegou ao fim. Obrigado a todos.