Dr. Sérgio Gonçalves (esquerda) e Dr. César Amaral (direita), pesquisadores do Departamento de Biofísica e Biometria (DBB/IBRAG). Destruída por um incêndio de 2012 e reinaugurada em 2020, a nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) é a maior e mais moderna estação da Península Antártica e a terceira de todo o continente. A estação conta com 17 laboratórios de pesquisa e tem capacidade para 64 pessoas.
 
No dia 6 de outubro, uma equipe integrada por apenas oito pesquisadores, dois deles do IBRAG, o Dr. César Amaral e o Dr. Sérgio Gonçalves, embarcou com destino à nova estação, no âmbito das atividades da Operação Antártica - OPERANTAR, realizada anualmente pela Marinha (https://www.mar.mil.br/operantar/).
 
A OPERANTAR XL  marca os 40 anos de pesquisa do Brasil na Antártica e o retorno dos pesquisadores às atividades no Continente Antártico. Além da UERJ, a UnB, a Fiocruz, a UFV e o INPE. O retorno ao Brasil está previsto para o dia 16 de dezembro (Dr. Cesar Amaral) e dia 22 de fevereiro (Dr. Sérgio Gonçalves).
 
Até lá, divulgaremos as informações sobre esta histórica expedição em que temos a honra de participar!
 
O Dr. Cesar Amaral, professor do Departamento de Biofísica e Biometria (DBB/IBRAG), diretamente da EACF, relata o início e os objetivos da expedição:
“Embarcamos no NApOc Ary Rongel no dia 6 de outubro e cumprimos quarentena embarcados até desatracarmos do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, sete dias depois. Passamos pelo Rio Grande do Sul, onde recebemos nossas andainas com as roupas antárticas e carregamos ainda mais o navio (NApOc Ary Rongel). Seguimos para Punta Arenas, onde permanecemos por dois dias. Depois disso, seguimos pelos Canais Chilenos e Estreito de Beagle até conseguirmos cruzar o Estreito de Drake, com ondas que variavam entre 4,5 - 5 metros, chegando à EACF no dia 28 de Outubro, quando começamos a nossa pesquisa. Nossas atividades da OPERANTAR XL fazem parte do projeto CBPS-UERJ: Traçadores atmosféricos, processos biogeoquímicos e relação ar-gelo: especificando fontes, mecanismos de tranporte e “proxies” da variabilidade ambiental no eixo América do Sul-Antártica, coordenado pelo Prof. Heitor Evangelista, sendo um subprojeto dentro do INCT-Criosfera. Nos últimos dias, concluímos a montagem dos equipamentos que foram transportados até a EACF e ao Módulo Ipanema e estamos iniciando nossas pesquisas que, nesta etapa, consistem da transformação do Módulo Ipanema em um laboratório avançado de ciências atmosféricas. Este é o segundo módulo que integra a rede que está sendo montada para o monitoramento da Criosfera, que já conta com o Módulo Criosfera 1. Assim, estamos integrando os dados da Antártica Continental (Criosfera 1) com a Antártica Marítima (Módulo Ipanema)."
 

Grupo de pesquisadores e alpinistas (os dois mais externos) que integram a primeira fase da OPERANTAR XL, no dia que o navio desatracou do AMRJ (Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro).

O Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel - (NApOc Ary Rongel.


A chegada dos pesquisadores do IBRAG e a nova Estação Antártica Comandante Ferraz.



Preparo dos equipamentos para pesquisas em Aerobiologia.

Carga da UERJ entregue no módulo Ipanema.


Instalação de equipamentos para coleta de neve, de aerossóis e para pesquisas em Aerobiologia, no Módulo Ipanema.

 
 

Um dia de pesquisa na nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF)

Todo o dia de pesquisa na EACF é iniciado e coordenado no dia anterior com o Coordenador Científico e os montanhistas designados para a fase da OPERANTAR e, posteriormente, em reunião da Coordenação Científica com o Grupo-Base (GB) da EACF. Durante a reunião diária de coordenação científica, as demandas de pesquisa são apresentadas pelos grupos de pesquisa e discutidas, objetivando definir as melhores opções de desdobramento logístico para atender a todos os projetos. As demandas e opções são apresentadas e discutidas na reunião seguinte, com os integrantes do GB e, quando possível, autorizadas e programadas com os membros do GB e montanhistas que serão envolvidos nas atividades. Após a definição dos objetivos e autorização da Chefia da EACF, no dia seguinte os meios são desdobrados para que os objetivos possam ser alcançados. Os pesquisadores são apoiados nas saídas de campo pelos membros do GB e montanhistas, conforme as áreas de atividade, sendo estas indicadas pelas cores verde, amarela e vermelha, cada uma com requisitos meteorológicos, de equipamento e de apoio de pessoal específicas, por questões de segurança. Além do apoio do Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel e do Navio Polar Almirante Maximiano, os pesquisadores também contam com as aeronaves do Grupamento Destacado Aeroembarcado, que operam a partir dos navios, dos botes que são conduzidos pelos Mergulhões da Marinha do Brasil (mergulhadores de combate altamente treinados e capacitados neste tipo de atividade) e de quadriciclos que ficam disponíveis para uso pessoal, após o treinamento e a capacitação que os pesquisadores recebem assim que chegam à EACF.

Pesquisadores  montanhistas desembarcados e iniciando suas atividades de campo na Antártica

Após o desembarque, os pesquisadores em solo são apoiados pelos experientes montanhistas (Marcelo Campos e Edson Vandeira) da SECIRM/PROANTAR em atividades que envolvem o deslocamento sobre o peculiar terreno antártico, na coleta de amostras e instalação de sensores ambientais, sempre preocupados com a segurança do grupo em todas as fases das atividades até o retorno à EACF ou ao Navio / Acampamento. Além dos trabalhos em campo, o Projeto CBPS-UERJ também realiza os primeiros testes do protótipo ATMOS no Módulo Ipanema. O ATMOS é uma plataforma de monitoramento ambiental totalmente desenvolvida no LARAMG/IBRAG/UERJ, pelos Professores Dr. Cesar Amaral e Dr. Heitor Evangelista que, em sua versão 1.0, conta com sensores para monitoramento de gases estufa como Dióxido de Carbono, Metano, Ozônio, Compostos Orgânicos Voláteis, além de registrar dados de temperatura, umidade, dentre outros parâmetros, realizando assim o monitoramento concomitante com os dados gerados pelo Laboratório Criosfera-1 e integrando o monitoramento da Antártica Continental e Marítima em uma rede cujo objetivo é monitorar a Criosfera.
 

Reunião de coordenação científica com representantes dos projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos na EACF.

O Protótipo ATMOS atualmente realizando seus primeiros testes operacionais no Módulo Ipanema, Antártica.

Quadriciclos utilizados pelos pesquisadores para locomoção nas áreas próximas à EACF.


Pesquisadores da UERJ em deslocamento apoiado por bote e mergulhadores da Marinha do Brasil até o Módulo Ipanema, transportando a carga de equipamentos que lá serão instalados

Dr. Sérgio Gonçalves verifica a amostragem realizada pelo Coletor de Neve e Chuva instalado na Península Keller, Antártica


Dr. Cesar Amaral realizando coleta de amostras relacionadas às pesquisas em Aerobiologia do Projeto CBPS-UERJ.