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- Categoria: Notícias
- Última atualização: 01 Junho 2009
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Uma das razões para essas assimetrias entre as regiões é, sem dúvida, a concentração dos investimentos públicos federais que, historicamente, privilegiaram instituições onde os recursos humanos e a infraestrutura já atingiram índices de capacidade elevados. "Tal política não só inviabiliza o crescimento de áreas tradicionalmente importantes em regiões menos favorecidas economicamente, como também o aparecimento de novos programas em novas áreas do conhecimento. É importante destacar ainda que essas distorções também se repetem no interior de uma mesma região ou estado, exigindo, para seu enfrentamento, um maior protagonismo das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) e o aprofundamento do conhecimento das realidades acadêmica, gerencial e de infraestrutura de cada um dos programas e das instituições que os oferecem", frisa a pesquisadora.

A pesquisa focou o universo dos programas credenciados pela Capes até julho de 2008, que no estado do Rio de Janeiro totalizam 334, englobando 283 cursos de mestrado acadêmico, 50 de mestrados profissionais e 193 cursos de doutorado. Os dados foram obtidos diretamente junto aos dados disponibilizados pela Capes e por meio de um inquérito realizado nos meses de julho, agosto, setembro e outubro de 2008, por questionário eletrônico, através da web. Além disso, foram realizadas entrevistas com um grupo de coordenadores de programas de diversas áreas de conhecimento e diversas situações quanto à sua avaliação na Capes. Desta forma, a pesquisa procurou obter dados não apenas sobre as características acadêmicas, capacidade de produção e condições gerenciais e de infraestrutura dos programas, mas também avaliar as tendências e desafios que estão postos para a pós-graduação no estado.
Em seus resultados preliminares, levantou-se um quadro bastante acurado dessa realidade. A pós-graduação stricto sensu teve início na década de 1960. Dos cursos atualmente em funcionamento, os mais antigos são os de mestrado em Matemática do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e em Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ambos iniciados em 1960; em 1962, surgiram os cursos de doutorado em matemática do Impa, em Física do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e Ciências (Microbiologia) da UFRJ. A distribuição dos programas atuais, por ano de início, demonstra que 10,78% foram criados na década de 60, 20,06% na década de 70, 7,49% na década de 80, 20,96% na década de 90 e 40,72% desde 2000 até julho de 2008.
"Os programas mais bem conceituados estão nas universidades e centros de pesquisa federais, que detêm 56% daqueles avaliados com conceito 5 na Capes; 75% dos que têm conceito 6; e 76,47% com conceito 7, situação que as coloca com maior facilidade de captação de recursos, investimentos esses que, em grande parte, também são federais", fala a pesquisadora. Em segundo lugar na oferta de cursos com conceito 5, 6 e 7 (29,33%, 15,63% e 23,53% respectivamente) estão as universidades particulares, destacando-se a atuação da Pontifícia Universidade Católica (PUC). As estaduais não contam com nenhum curso avaliado com conceito 7, contando com 14,67% dos qualificados com conceito 5 e com 9,38% com conceito 6.
"No último triênio (2004-2006) de avaliação pela Capes, não houve crescimento dos programas com conceitos 6 e 7. Os cursos avaliados com conceitos 3 e 4 totalizam mais de 60% da pós-graduação fluminense. Este quadro apresenta não só os efeitos da intensificação no número de novos programas, que em geral iniciam com conceitos mais baixos, mas também parece refletir um aumento no nível de exigência e um maior rigor nos critérios de avaliação da Capes, resultando em maiores desafios para que os programas sejam classificados em níveis de excelência e também, eventualmente, gerando a reclassificação de programas em conceitos mais baixos do que os que se encontravam anteriormente", avalia.

Quando se considera a distribuição dos projetos de pesquisa por conceito do programa, segundo a origem do financiamento, observa-se que a proporção de projetos com financiamento exclusivamente externo cresce conforme o conceito dos programas aos quais se vinculam. Enquanto apenas 45% dos projetos vinculados a programas com conceito 3 são financiados exclusivamente com recursos externos, 87% dos projetos vinculados a programas com conceito 7 têm os recursos externos como fonte exclusiva de financiamento. "Esta situação, se pode estar refletindo, por um lado, o nível de excelência e a consequente capacidade de captação de recursos dos pesquisadores vinculados aos programas de conceito mais elevado, por outro lado sinaliza para a necessidade de se discutir estratégias de promoção de maior eqüidade nas políticas de fomento à pesquisa e às pós-graduações, de modo a contribuir para o fortalecimento de programas e grupos de pesquisa emergentes", explica a pesquisadora.
Segundo Marilene, ao lançar editais, as agências de fomento também estão pautando a agenda temática de investigação de pesquisas. É outra assimetria que vem preocupando cientistas e órgãos financiadores. "No caso da FAPERJ, os pesquisadores apontam uma tendência maior de abertura tanto para abranger áreas mais diversas quanto para incluir programas emergentes, que já alcançam 71% dos recursos", fala a pesquisadora.
Os números que descrevem a situação da pós-graduação fluminense serão complementados no final de julho, quando Marilene concluir a segunda etapa do trabalho: a análise completa dos dados coletados, inclusive das inúmeras entrevistas que realizou com coordenadores de programas das diversas áreas do conhecimento. Todo o material coletado e a análise preliminar dos dados está disponível no site da FAPERJ e em CD, com um diagnóstico institucional dos programas de pós-graduação do Estado, que contam ainda com as imagens das instalações de cada uma das instituições pesquisadas, de suas bibliotecas e laboratórios. "Desta forma, pretendemos apontar indícios que respondam às perguntas formuladas inicialmente e contribuir para nortear as políticas de fomento do estado."
O diretor-presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques, grande entusiasta da idéia desta pesquisa, destaca o fato do Estado do Rio de Janeiro se constituir em um caso privilegiado para o estudo da diversidade de realidade da pós-graduação brasileira: “Isto se deve ao número de programas que o Estado abriga e a grande variedade, englobando todas as áreas do conhecimento, em diferentes tipos de instituições e missões (desde as instituições de ensino superior aos institutos especializados, sem cursos de graduação) e à sua dependência administrativa (estadual, federal e particular)”
Ruy Marques elogia o trabalho desenvolvido pela Dr.ª Marilene de Castilho Sá: “Desde o início, vimos mantendo contato com a Dr.ª Marilene e acompanhamos o grande trabalho que teve para coordenar uma pesquisa de tal magnitude, envolvendo 334 programas de pós-graduação, em 41 instituições e em 12 municípios fluminenses diferentes. Quero, mais do que parabenizar, agradecer à professora pelo excelente trabalho que desenvolveu em prol da C&T fluminense”.
Marques celebra, ainda, o excelente percentual de participação dos programas na pesquisa. "Isso confirma a relevância desta iniciativa da FAPERJ e a sua importância no marco de uma política de flexibilização do modelo de pós-graduação e da busca de potencialidades de cooperação e de fortalecimento institucional advindas do melhor conhecimento sobre a diversidade da pós-graduação no estado do Rio de Janeiro. Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para nortear o desenvolvimento de estratégias que subsidiem o apoio aos programas de pós-graduação stricto sensu em nosso Estado."
Para conhecer o relatório e consultar os dados da pesquisa, através da página da FAPERJ (www.faperj.br) acesse a aba serviços ou www.faperj.br/servicos/buscaposgrad/pos_grad_RJ.phtml
Fonte: FAPERJ - 02/07/09