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- Categoria: Notícias
- Última atualização: 08 Dezembro 2015
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Para o biólogo Stevens Rehen, o mercado exige um profissional especializado. Ele foi o entrevistado do Voz da Experiência

Como está o mercado de trabalho para formados em Ciências Biológicas? Além da pesquisa e das salas de aula, onde mais um biólogo pode atuar? (Luciana Martins)
STEVENS REHEN: O biólogo está, a cada dia, mais em alta. Tenho vários amigos trabalhando na Petrobras, no Ibama, em ministérios. Há vários técnicos biologistas espalhados em diferentes órgãos. A tendência é de expansão da área, não só por causa da questão do aquecimento global, mas também do próprio desenvolvimento do país. É preciso equilibrar o desenvolvimento com o sustentável. O mercado está melhor do que era há poucos anos. Eu não conheço biólogos formados em boas universidades que estejam desempregados. Quando eu fiz vestibular, olhavam com um certo ar de desdém para a biologia, e hoje eu vejo como a situação mudou. A biologia e os cientistas têm um status maior na sociedade. É uma área que oferece muitas possibilidades. As pessoas estão vivendo mais e melhor por causa das ciências biológicas.
Quais as principais diferenças entre o biomédico e o biólogo? (Renato Oliveira)
REHEN: O biomédico tem a possibilidade de, além de trabalhar com pesquisa, poder também atuar na área de análises clínicas, coisa que um biólogo não pode fazer. Acho que essa é basicamente a diferença. Por isso, há uma sobreposição de possibilidades de emprego muito grande nessas áreas.
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Quanto tempo leva para um biólogo estar apto a trabalhar com células-tronco? É obrigatório ter mestrado e doutorado? Qual a importância de sair direto da graduação para a pós? (Alice Neves)
REHEN: Hoje, é essencial ter uma pós-graduação. É uma tendência natural do mercado de trabalho, não só nesta área. É preciso se especializar para ficar mais competitivo. Ter um diploma de graduação é o mínimo necessário. O ideal é fazer a graduação e ir direto para o mestrado, depois o doutorado e, de preferência, fazer também o pós-doutorado.
Qual a posição do Brasil em relação a outros países no que se refere à pesquisa nas áreas das ciências biológicas? (Clarice Almeida)
REHEN: Se estamos falando de países como EUA, Inglaterra e Israel, estamos um pouco aquém na comparação. Mas é uma situação normal, porque somos um país em desenvolvimento. As primeiras universidades na Europa foram fundadas quando o Brasil nem tinha sido descoberto, e isso mostra a distância. Mas ela está sendo reduzida, e a tendência é ficar cada vez menor. Estamos num momento de investimentos crescentes, principalmente do governo. O progresso de uma nação passa pelo investimento na ciência.
Qual o diferencial que uma experiência no exterior traz para o biólogo? (Fernando Gonçalves)

" Para quem quer trabalhar com células-tronco, um estágio no exterior pode ser estrategicamente interessante "
Qual a importância da decisão favorável do Supremo Tribunal Federal às pesquisas com células-tronco para a área biomédica no país? (André Araújo)
REHEN: Essa decisão do STF é um marco histórico, porque mostrou que o Estado é laico, ou seja, a religião não pode influenciar decisões políticas do Estado. As religiões devem ser respeitadas, mas a ciência tem que avançar. Sem contar que colocou a ciência num patamar de visibilidade grande dentro da sociedade brasileira. Isso mostra o papel da ciências biológicas no desenvolvimento de uma nação. A decisão certamente vai ajudar porque vai gerar mais investimentos do governo e de empresas para que as pesquisas em biologia celular avancem cada vez mais.
O que há de concreto nas pesquisas com células-tronco embrionárias? (Ivonete Silva)
REHEN: O que há de concreto é que, se não houver pesquisa, não vamos avançar para almejar novos tratamentos. Há uma perspectiva mundial, por isso tantos laboratórios investem milhões de dólares em pesquisas. A gente precisa do privilégio e da oportunidade de trabalhar com essas células.
Matéria Publicada em 17/06/2008 às 00h15m no site www.oglobo.com