Foto da equipe do Projeto Ecorais na primeira expedição em Búzios.   Em estudo que já dura dez anos, pesquisadores do Projeto Ecorais, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro destacaram os recifes rochosos da Armação dos Búzios como de extrema importância ecológica devido a grande quantidade de corais encontrados. Os estudos, coordenado pela Dra. Simone Oigman Pszczol e pelo Prof. Dr. Joel Creed gerou 5 publicações em periódicos científicos internacionais, com informações inéditas sobre a fauna marinha de Búzios, especialmente sobre animais como os corais, de onze pontos na região. Recentemente os dados gerados foram fundamentais no delineamento das zonas do Parque Natural dos Corais e da Área de Proteção Ambiental  Marinha de Armação dos Búzios.
 
    O primeiro estudo sobre a saúde dos corais de Búzios foi feito em 2000. Além de registrar corais endêmicos, que só ocorrem no Brasil, o coral-estrelinha, Siderastrea stellata foi mapeado e dominava extensas áreas apresentando uma alta abundância e tamanhos maiores que relatados no resto do Brasil. No entanto, evidenciou-se que a situação dos corais era crítica e o local próximo ao empreendimento do píer apresentava 87% do substrato marinho ocupado por algas e invertebrados. Neste local, verificou-se que o coral estrelinha apresentou a maior densidade de colônias por metro quadrado e terceira maior porcentagem de cobertura desta espécie em Búzios. Comparado aos outros locais a área do píer também teve um dos maiores tamanhos médios deste coral chegando a atingir 57 cm de comprimento. Entretanto esta espécie de coral apresentou apenas 60% da sua porcentagem de cobertura viva, com a pior saúde do coral-estrelinha registrado no estudo. Os pesquisadores empregaram um índice de impacto ambiental que mostrou que a área tem a maior pressão humana. No mesmo estudo constatou-se que um terço dos costões rochosos de Búzios estava sob alto ou muito alto estresse ambiental.
 
Foto do coral estrelinha Siderastrea stellata   O estudo foi financiado pelo WWF - Brasil, pelo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e também teve apoio da Prefeitura e mais de 20 estabelecimentos comerciais de Búzios (lojas, hotéis, restaurantes, operadoras de mergulho e locadora de carros). “É importante que a expansão de qualquer atividade na área seja feita de forma planejada e monitorada, com estudo de impacto ambiental prévio para que os recursos explorados não sejam ameaçados ou se esgotem, acarretando prejuízos social, econômico e científico indesejáveis.”Diz a Dra Simone Oigman Pszczol.“Existem soluções tecnológicas que podem reduzir os conflitos ambientais e sociais neste caso. Por exemplo, sabe se que quando se construímos um píer mais alto, utilizando materiais que deixam passar a luz, o impacto sobre a fauna e flora marinha é reduzido, pois aumenta a luminosidade, que é fundamental para a vida. Parece-me que se for construído parte do píer mais alto também pode-se resolver a questão da passagem dos pescadores, pois pequenas embarcações poderão passar por baixo com segurança.” Diz o Prof. Dr. Joel Creed.
 
Contato: Simone Pszczol <O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. >