Na figura: a) setas indicam a localização da GAPDH na vesícula (pontos negros = marcação da enzima com anticorpo conjugado a esfera de ouro). b) vesícula sem GADPH. c) fatia do tomograma mostrando a associação da GAPDH com a membrana da vesícula. d) modelo 3D do tomograma e mapa de densidade.   A informação química nos neurônios viaja pelos longos axônios em minúsculas vesículas que são guiadas por microtúbulos. Para a vesícula se movimentar sobre o microtúbulo, ela conta com motores moleculares (cinesina e dineína) e necessita de energia (ATP) para movimentar essa molécula motora sobre o microtúbulo.
 
   Acreditava-se que a energia para esse transporte era fabricada nas mitocôndrias, mas a pesquisa publicada na revista CELL na última semana mostrou que o ATP utilizado para o transporte de vesículas no axônio é sintetizado na própria vesícula, na superfície de sua membrana pela enzima da via glicolítica GAPDH (Gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase).
 
   A vesícula com GAPDH associado a sua membrana foi visualizada por uma técnica avançada de microscopia, ainda embrionária no Brasil, a criotomografia. Para isso, as vesículas passaram por um congelamento rápido, o que as mantiveram em estado nativo para serem observadas ainda congeladas em um microscópio eletrônico que opera a 200.000 Volts.
 
 
   O professor Marcel Cunha, hoje no Laboratório de Micologia Celular e Proteômica (www.lmcprot.uerj.br) do IBRAG, participou da pesquisa durante seu pós-doutoramento no Institut Curie na França. O artigo intitulado "Vesicular Glycolysis Provides On-Board Energy for Fast Axonal Transport" foi publicado na revista CELL, que é uma das mais importantes publicações científicas no mundo.
 
 
   Hoje, Marcel realiza pesquisas em fungos patogênicos e seus fatores de virulência, e pretende aplicar e implantar em nosso estado técnicas avançadas em ultraestrutura celular como criotomografia e microscopia correlativa.